Abubaker Kaki, bicampeão mundial dos 800m, é morto aos 35 anos após ataque aéreo em Darfur
O bicampeão mundial de atletismo Abubaker Kaki, um dos maiores nomes do esporte sudanês, morreu no último sábado (12/4) após sua casa ser atingida por um bombardeio em El Fasher, capital do Estado de Darfur do Norte. Kaki, que tinha 35 anos, tornou-se símbolo do atletismo ao conquistar o ouro nos 800 metros indoor nos Mundiais de Valência (2008) e Doha (2010), feitos que o consagraram como o mais jovem campeão da história na modalidade, aos 18 anos.
Carreira marcada por recordes e feitos históricos
Além dos títulos mundiais, Abubaker Kaki brilhou em 2011 ao conquistar a medalha de prata no Campeonato Mundial de Atletismo em Daegu, consolidando sua trajetória como um dos maiores corredores de meia distância da história africana. No auge de sua carreira, estabeleceu o recorde mundial júnior nos 800 metros, com o tempo de 1m42s69 — marca que permanece como referência até hoje. Sua morte interrompe de forma trágica uma biografia esportiva que inspirou gerações no Sudão e em todo o continente africano.
Guerra civil devasta o Sudão e o esporte nacional
Desde 2023, o Sudão enfrenta uma violenta guerra civil entre forças militares do governo e grupos paramilitares. O conflito, considerado uma das maiores crises humanitárias do mundo pela ONU, já forçou cerca de 12 milhões de sudaneses a deixarem suas casas. A morte de Kaki, confirmada pela Telecom Asia Sport, destaca a brutalidade do conflito que não poupa nem mesmo figuras consagradas do esporte. O falecimento do atleta reacende o alerta global para a urgência de uma solução diplomática e humanitária na região.